terça-feira, setembro 29



(pescaria noturna no sítio de José Luís Peixoto)

PS: conclusão do poema:
Reflexos de corpos desfiguram-se nas montras e eu amo-te.
Envelhecem anos no esquecimento dos armazéns e eu amo-te.
Toda a cidade se destina à noite e eu amo-te.

domingo, setembro 27

pra não esquecer

fui ver Milton Nascimento no Museu da República
eu e meus amigos
fomos ouvir

lá pelas tantas,
o locutor da rádio e a drag de botas vermelhas
me entrevistam por 40 segundos
para ouvintes que não vão...

minha amiga está de prova! rsrs

sexta-feira, setembro 25

civilidade e amor

encontrei o moço com quem me casei aos vinte anos.
foi bem Saturno, em sua viagem de retorno, quem nos separou...

mas, na minha memória, ainda somos aqueles jovens
que sentavam nos bares e discorriam sobre o mundo.

e apesar de nossas vidas tão diferentes,
nos olhamos e reconhecemos.

sorrimos pelas noites e manhãs que tivemos
e brindamos com cervejas

terça-feira, setembro 22

chovemos e florimos é primavera

flor, taí a tradução do Rumi (meio estranha...). tão estranha que pra disfarçar a estranhice mando logo um poemeto chamado "árvore" do manoel de barros, certamente muito mais singelo pra dar sombra e aconchego e fruto e semente ao (h)etérico cantinho seu...

beijos de árvore-mãe,


"Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore.
Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de
sol, de céu e de lua mais do que na escola.
No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus
seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor
o azul
E descobriu que uma casa vazia de cigarra esquecida
no tronco das árvores só serve pra poesia.
No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas.
Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara,
envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros
e tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos. Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore porque fez amizade com muitas borboletas".

(Árvore - Manoel de Barros)

............
"Senhor, o ar cheira bem hoje,
Direto dos mistérios
De dentro dos íntimos pátios de Deus.
Uma graça feito roupas novas atiradas
Através do jardim, medicamento gratuito para todos.
As árvores em sua oração, os pássaros em oração,
A primeira violeta se ajoelha.
O que quer que tenha vindo do Ser é capturado em ser, embriagado
Esquece o caminho de volta..."
(Rumi)


2009/9/21 Adriana Borges
Regininha,

procurando um poema para dedicar às árvores, no dia de hj, achei este.
vc pode traduzi-lo para mim?

bjs em grandes e fortes galhos,
A.

Lord, the air smells good...

by Rumi

Lord, the air smells good today,
straight from the mysteries
within the inner courts of God.
A grace like new clothes thrown
across the garden, free medecine for everybody.
The trees in their prayer, the birds in praise,
the first blue violets kneeling.
Whatever came from Being is caught up in being, drunkenly
forgetting the way back.

Rumi was a 13th century Sufi mystic.

segunda-feira, setembro 21

Dia da árvore e da poesia

Era uma árvore no passeio
e fosse tempo claro ou feio,
havia uma paz de agasalho
dependurada em cada galho.

E foi vivendo. Viver gasta
músculo e flama de ginasta,
quanto mais uma arvorezinha
meio garota-de-sombrinha.

Carlos Drummond de Andrade, Viola de Bolso

(folha verde achada no blog Dias com Árvores)

sexta-feira, setembro 18

companhia

quando ele se foi tudo ficou tão escuro e silencioso
que tive medo de me render

eu chorava quando ela apareceu na porta
onde permaneceu por dias até que eu a tocasse

ela veio me salvar da lembrança
com sua companhia quente.

há 5 dias a gata desapareceu
e a ração ainda resta no pote

não me despedi

domingo, setembro 13

O que é comunicação


Estive viva
enquanto todos dançavam e eu também.

Fui ver e ouvir o som, a força e a gentileza de
Angelique Kidjo
sob o céu estrelado.

sábado, setembro 12

beleza


Tônia Carrero no bar, diva, a falar.
Alguém observa que ela fala pelos cotovelos.
e Rubem Braga, desbragado:
- Mas que cotovelos!

a queda das torres: 8 anos

acordei em 2001 no quarto do apartamento no Cruzeiro.
havia armários embutidos sobre a cama.
uma coleção de elefantes.
do meu lado, desordem,
mas por que acordei?

o telefone tocou na sala...
eram nove horas:
era minha mãe
e sua voz quente
e o sol entrava pela janela.

ela me conectou ao momento
em que os prédios caíam
e pela caixa eu vi
em tempo real

eu sabia que estava na história
que os meninos já nem lembram.

quinta-feira, setembro 10

efeméride

hoje ele faria aniversário
e beberíamos

talvez a gente brigasse
e fumaríamos

quem sabe a gente se amasse
e fugiríamos

terça-feira, setembro 8

artes marciais

levei um chute no queixo
de um moleque de 15 anos

tive que cuspir o sangue e o orgulho
enquanto tudo girava

as lágrimas não respeitaram meu momento,
nem o nervo dormente

o gelo arde agora
sobre esse instante de desatenção e soberba

mas tudo se dilui...

sexta-feira, setembro 4

natureza

todas as folhas do murici caíram
e se espalham pelo chão, tapete

a quaresmeira anã explodiu em flores brancas
que perfumam a porta

brotamos sob a lua cheia
rodopiando sorrisos

PS: o ipê branco deu flor. peguei o último dia e momento!


quarta-feira, setembro 2

de manhã no rádio do carro

Se você crê em Deus
Erga as mão para os céus
E agradeça
Quando me cobiçou
Sem querer acertou
Na cabeça

Eu sou sua alma gêmea
Sou sua fêmea
Seu par, sua irmã
Eu sou seu incesto
Sou igual a você
Eu nasci pra você
Eu não presto
Eu não presto

Traiçoeira e vulgar
Sou sem nome e sem lar
Sou aquela
Eu sou filha da rua
Eu sou cria da sua costela
Sou bandida
Sou solta na vida
E sob medida
Pros carinhos seus
Meu amigo
Se ajeite comigo
E dê graças a Deus

Se você crê em Deus
Encaminhe pros céus
Uma prece
E agradeça ao Senhor
Você tem o amor
Que merece

(Chico Buarque decifrando gente)