terça-feira, dezembro 29

Ano Novo

O príncipe partiu
para uma longa viagem
e me deixou a cama vazia

sábado, dezembro 26

Natal

Dia longo que cabia numa longa história,
tão cheia de detalhes e minúcias
que mesmo que a escrevesse
não manteria leitor... rs

começa à meia-noite de 24 de dezembro,
a manhã entre cartões e papéis-presente
a visita de um novo amigo,
a ceia, as orações, a música, a cachaça,
a filha,
minhas irmãs, minha família e meus amigos
e um novo amanhecer de 25 de dezembro,

as tias e o reconhecimento de clã,
carinho gratuito, observação...
uma social e a grata surpresa na casa do Léo
viagens sem o Guarda Belo.

e vai até o sábado, 26 :
ao acordar um telefonema,
bacalhau, iguarias generosas, arroz branco
e cerveja.
conversas sobre o papai noel, curtição dos presentes,
felicitações, desejos.
à noitinha, visita ao vizinho,
feijão de corda e coentro, como meu pai gostava,
uma garrafa de vinho,
compartilhamento, carinho.

agora, enquanto desberloto o cigarro
Gilberto Gil, aos 36,
fala da sinceridade da maconha.
Somos todos doces bárbaros
na madrugada da TV Brasil.

Que 2010 nos encontre
todos juntos!

terça-feira, dezembro 22

verão e futebol

o verão começa no signo de capricórnio
e Marta é a melhor do mundo pela quarta vez.

domingo, dezembro 20

oráculo

prepare-se para o Natal.
prepare-se para um novo ano.
prepare-se para o 37º ano.
prepare-se para o amor.
prepare-se para o trabalho.
prepare-se para conhecer mais um pouco de você
através dos outros.

cuidado com animais, chefes, finanças
e um homem experiente e inescrupuloso.

c'est la vie.

sexta-feira, dezembro 18

ciclos

olho para ela há mais de 4 estações...
e hoje me dei conta de notícia tão triste:

a grande mangaba que me recepcionou
quando cheguei a esta casa
morreu na seca de 2008.

terça-feira, dezembro 15

festas de dezembro

outro dia li que Jaguar, aquele cara que eu vi no Bar Monumental,
parava de beber em dezembro, e ficava na água com limão.

provava a si quem é que mandava.

passados os anos, desconfio do Jaguar...
acho que era gim e ele tirava onda.

pra mim, tem se tornado um mês de rever amigos
e de se permitir mais sentimental.
hora de dizer eu te amo.

talvez um dia, na água gasosa com xarope de guaraná.

mas me mantenho aquecida pelo carinho.

sábado, dezembro 12

de manhã no rádio do carro

O céu é muito
(Lenine e Arnaldo Antunes)

O céu é muito
Para o sol

Alcança só
O que gravita

O tempo é longo
Pra quem fica

A terra gira
Pra nós dois

Um ano é pouco
Pra depois

O mundo é largo
Pra quem fita

A lua é manto
Para o mar

Querer é tanto
Para a vida

A lua é longe
O sol é mais

Por que você
Não acredita?

(um disco-orquídea Labiata)

terça-feira, dezembro 8

gente

ando na rua
e vejo gente
que me vê
nua
enquanto quero me esconder

sabemos todos que não somos o que vemos?

segunda-feira, novembro 30

uma história de Edu

(direto do blog da Ivana: doidivana.wordpress)

A INCRÍVEL HISTÓRIA DE EDU PRAXEDES

30 Novembro, 2009 por doidivana

Não me lembro a data certa em que Edu foi encolhendo, encolhendo, até ficar com pouco mais de cinco centímetros. Arranjei-lhe caminha, travesseirinho, mas ele todo era desconforto e dor. Certa manhã, pediu-me com sua voz quase sumida:
- Água, quero água.
Trouxe – lhe num conta-gotas, mas antes que eu pingasse em sua minúscula língua, ele esbravejou:
- Não, sua idiota, quero água para viver. Preciso morar na água.
Atendendo prontamente ao seu pedido, comprei um aquário e mergulhei-o na água fresquinha. A pele ressecada foi se tornando viçosa de novo. Edu melhorava a olhos vistos, embora fosse o mesmo de sempre, a neurastenia em forma de gente.
Falei-lhe sobre comida de peixe, ele achou ótima idéia, era isso mesmo que queria. A princípio comia com apetite a ração que chovia do pacote, mas ao fim da primeira semana, ouvi-o reclamar enter os dentes:
- Sempre a mesma merda.
Tentando amenizar seu mau-humor, comprei uma linda sereia de pedra e coloquei no fundo do aquário. Esperei. Olhando-me fixamente nos olhos, ele pôs-se a vociferar:
- Não pense que pode me alegrar com essa bugiganga ridícula.
Edu nunca respeitou as mínimas regras da boa convivência.
- Eu só queria…
- Eu sei o que você queria. Você queria que eu fosse uma criatura alegre, que agradecesse a comida infame que você me dá e ainda louvasse a Deus pela graça de existir.
- Edu, o seu problema…
- Se você fosse mais esperta, entenderia que não existe o meu problema e o seu problema, o que existe é O Problema e para este, minha cara, não há sereia que dê jeito. Dizendo isso voltou-se para a parede, que era o seu jeito de encerrar o papo.
No dia seguinte, tentando fazer as pazes, bati no vidro. Ele veio gritando:
- Quando você vai parar com essa mania de bater no vidro? Quer me enlouquecer? Já disse mil vezes que quando quiser falar comigo, basta chamar. Surdo eu ainda não fiquei.
Era preciso ter paciência. Covardia brigar com aquela miniatura de homem.
Na semana seguinte eu passava café na cozinha quando escutei uma musiquinha. Edu Praxedes assobiando calmamente? Pé ante pé me aproximei e não me contive:
- Que linda canção, Edu!
Com o corpo estremecido de susto, defendeu-se como pode.
- Não seja ridícula, que motivos eu teria para cantar?
- Quem sabe a sereia?
- Por falar em sereia, dá pra tirar essa geringonça daqui? Ela é muito grande, me rouba espaço e polui visualmente minha inútil paisagem – era esta a música que Edu assobiava.
Sem esticar a discussão, atendi prontamente ao seu pedido. Mas não desisti. Dois dias depois, cheguei com surpresa maior: uma peixa para Edu Praxedes, uma peixa de verdade. Seus olhinhos brilharam, mas logo enrugou a testa. Olhava para mim, olhava para a peixa, olha de novo para mim, olhava para a peixa, até que desembuchou:
- Mergulhe de uma vez esta pobre criatura neste poço de tédio, antes que ela morra em suas mãos.
Melhor que o esperado. A peixa entrou desenxabida, conhecendo o espaço devagar. Quando balançou a cauda e deu sua primeira corrida, Edu perguntou-me com o descaso habitual:
- Essa infeliz já tem nome ou vai ficar anônima?
- Por isso não, respondi, é pra já. Que nome você sugere?
Depois de examiná-la atentamente, estourou numa gargalhada.
- Que tal Laura, como você?
Concordei de imediato, sem perguntar o porquê da risada. Ainda na minha presença pôs-se a contar a Laura que a comida era insuportável, que eu tinha mania de bater no vidro e que volta e meia algum amigo jogava bituca dentro do aquário.
Laura passava seus dias de boca aberta e olhos arregalados ouvindo os intermináveis discursos de Edu. Aos poucos foi emagrecendo, recusava-se a comer, nadava de cabeça baixa, arrastando a cauda devagar. Seus olhinhos redondos foram ficando vesgos. Resolvi ter com ela uma conversa a sós. Apanhei-a numa xícara e fomos as duas para a cozinha. A portas fechadas ficaríamos mais à vontade.
- Laurinha, querida, o que está acontecendo? Você anda tão tristinha, quase não come nada, é o chato do Edu Praxedes, não é? Você quer sair de lá?
- Não! – ela gritou numa retomada de fôlego fantástica.
Em seguida caiu num pranto de cortar o coração. Quando parou de chorar confessou-me:
- Eu estou apaixonada por ele.
- Santo Deus! É o pior que podia acontecer.
Muito brava, Laura disse que eu estava completamente enganada, que eram muitas as virtudes daquele ser tão magnífico. Elogiou sua vasta sabedoria, a beleza dos seus olhos, seu porte atlético e o modo exuberante como ele gesticulava. Não sairia dali por nada do mundo.
Meses se passaram. Para minha surpresa, Edu tornava-se cada vez mais atencioso. Ficava horas calado, ouvindo as histórias de Laura, sorrindo das bobagens que ela dizia, até a comida passou a comer com prazer.
Certa noite, Alex veio me visitar. Depois de muito vinho e alguns beijos, fomos nadar nas águas dos meus lençóis. Lá pelas tantas, morta de sede, fui à cozinha e mal pude acreditar no que vi: Laura e Edu entrelaçados no mais lindo mergulho de amor. Dei meia-volta e matei a sede na torneira do banheiro. Ai de mim se interrompesse!
No dia seguinte despedi-me de Alex, fechei a porta e tremi de pavor ao olhar o aquário. Laura boiava na superfície, com a barriga inchada e a boca roxa. Os olhinhos vesgos não brilhavam mais.
- Laura! – gritei desesperada.
Edu, logo abaixo, me olhava indiferente. Perguntei-lhe aflitíssima:
- O que foi isto? O que aconteceu à Laura?
- Eu a matei.
- Você está brincando?
- Não, não estou. Eu a matei. Não suportava mais aqueles olhinhos vesgos me encarando o tempo todo. Vesgos e apaixonados. Estavam me fazendo mal Antes que a situação ficasse irremediável resolvi pôr um ponto final nessa história.
Fiquei horrorizada. Que estupidez, que crueldade!
- Querida Laura, se a vida já é difícil, depois deles ficaria insuportável. A morte é mais suave.
- Desde que seja a morte dela, não é?
- A corda sempre arrebenta do lado mais fraco.
- Seu puto – berrei desesperada – você é o lado mais fraco. Não vê que foi você que arrebentou?
Me pedindo que falasse mais baixo, virou-se para o canto e fingiu dormir. Encostei no batente da porta e escorreguei até cair no chão. Fiquei lá, com a cabeça vazia de idéias, horas a fio.
De repente ouvi o telefone tocar. Era Alex me chamando para o almoço. Dei-lhe uma desculpa qualquer, um imprevisto, o almoço ficava para outro dia. De dentro do aquário Edu me abriu um sorriso verdadeiro, o primeiro de toda sua vida. Seus olhos estavam redondos e vesgos.
Catei Edu e fui até à janela. Com as mãos no vazio, abri os dedos devagar.

conto do meu livro Histórias da Mulher do Fim do Século

sábado, novembro 28

Cavaleiro Solitário

Atravessei a rua
Atravessei a vida
Acreditei que era perto e fui lá ver
Acreditei que era perto e fui...
Cavaleiro solitário
Caminha com sua estrela
E a fé no vaticínio das visões
Inventa o próprio tempo e estações
Atrai as reações mais loucas

Pessoas diferentes são irmãs
Todos seus companheiros são iguais
Iguais e diferentes e irmãos
Mil trovões, num encontro de titãs, ô, ô
Perdão oh minha amada
Eu nunca voltarei
Do mesmo modo
Como um dia eu saí
A vida não tem "replay"
Há muito eu sei

Foi tudo maravilhoso
Até a hora em que eu parti
Há muito tempo
Cavaleiro Solitário...

(Eu quero
Eu quero ver
Eu quero ver a cruz
Eu quero ver a cruz vazia
Eu quero ver o som da alegria
Eu quero ver a cor da tua fantasia.

Eu quero
Eu quero ter
Eu quero a vida
Eu quero a vida inteira
Eu quero o som da brincadeira
Eu quero a cor da tua terça-feira.

O carnaval, o feriado nacional
Da vida em festa
Fenomenal, sensacional
Eu quero o sorriso
Liso, belo e preciso da loucura ocidental.)
*obs: a versão que acabo de ouvir não tem os versos entre parênteses. resta procurar se gonzaga está post-mortem.

(Gonzaguinha dando seu recado nesse dia de recados)

quase de manhã no rádio do carro

Diga Lá, Coração

Gonzaguinha

(São coisas dessa vida tão cigana
Caminhos como as linhas dessa mão
Vontade de chegar
E olha eu chegando!
E vem essa cigarra no meu peito
Já querendo ir cantar noutro lugar.)

-> não!

Diga lá, meu coração
Da alegria de rever essa menina,
E abraçá-la,
E beijá-la.

Diga lá, meu coração
Conte as estórias das pessoas,
Das estradas dessa vida.
Chore esta saudade estrangulada
Fale, sem você não há mais nada
Olhe bem nos olhos da morena e veja lá no fundo

A luz daquele sol de primavera.

Durma qual criança no seu colo
Sinta o cheiro forte do teu solo
Passe a mão nos seus cabelos negros
Diga um verso bem bonito e vá embora

Diga lá, meu coração
Que ela está dentro do teu peito e bem guardada
E que é preciso
Mais que nunca
Prosseguir,

Espere por mim, morena

Espere que eu chego já
O amor por você...

Diga lá, meu coração
Que ela está dentro em peito e bem guardada
E que é preciso
Mais que nunca
Prosseguir,
Prosseguir.

Espere por mim, morena
Espere que eu chego já
O amor por você, morena...

Espere por mim, morena
Espere que eu chego já
O amor por você, morena...

sexta-feira, novembro 27

pra sair do seu umbigo

só pra lembrar que nossa dor não é nada:

(foto de James Natchwey, intitulada Inferno; Sudão, 1993. Direto do blog.innerpendejo.net)

lua cheia

e eu quase cheia de tudo isso.

vontade de ser aquela...
aquela estranha

louca soberana.

quinta-feira, novembro 26

aprendiz

tantas ele fez
ou não fez

que a frustração tomou conta
de todas as nossas lembranças

na verdade, lembranças de mim

o pior é não ter
e o melhor é aprender
a não sofrer

segunda-feira, novembro 23

mistério

num belo dia, ou talvez num dia nublado,
algo acontece dentro do corpo que carregamos.

a velhice é o mistério das sensações,
o não-saber, a dor que caminha a esmo,
buracos negros que se abrem no universo da alma.

é o momento de driblar o tempo
numa corrida às escuras.

quarta-feira, novembro 18

constatação

não tem sono dos justos.

domingo, novembro 15

ordem

por mais que eu faça, as coisas não se mantém em seus lugares.
há montes
de roupas, copos, jornais
de pó, de mato.

me pergunto onde é a saída.

quarta-feira, novembro 11

músicas

havia sons
perdi-os.
por enquanto, espero.

domingo, novembro 1

de manhã no rádio do carro

Atravessei sete montanhas
Pra chegar no mar
Porque nasci, nasci para bailar

Abri veredas e cancelas pra poder passar
Porque nasci, nasci para bailar
Danço bolero, danço samba, danço chá-chá-chá
Por que nasci, nasci para bailar

Rimo Raimundo com a virada desse mundo
Vou no raso, vou no fundo
Mas um dia eu chego lá

Rodo Bandeira, dou pernada dou rasteira
Toco surdo e frigideira
Atabaque e ganzá

Porque nasci, nasci para bailar...

(João Donato, que deu o ar da graça na cidade)

sábado, outubro 31

visões noturnas

eles ainda existem na rua!!!

quarta-feira, outubro 28

outras visitas

no alto do pau-terra
pousou um tesourinha
que se equilibra no fino ramo e no longo rabo.

foi o príncipe quem me disse
que eles vêm da Patagônia.

visitas

a despeito de todo movimento
o jardim se encheu de pássaros,
novos e velhos amigos.

até ele voltou:
(picapau de cabeça vermelha - foto de Julio Cesar Leite, direto de br.olhares.com)

terça-feira, outubro 27

continuação e fim

como é doce e tortuoso o encontro de duas almas...
o enlevo e o inferno,
os cheiros e o medo,
os silêncios embutidos nas palavras.

o amor é uma decisão de confiança em si mesmo.

segunda-feira, outubro 26

dores

o príncipe é, na verdade,
um garoto perdido na floresta.

domingo, outubro 25

quem tem medo de perder
perde a chance de ganhar.

sábado, outubro 24

adendo

mas a sensação de propriedade,
no sentido de tomar posse,
de mim
me faz feliz agora.

festa

ontem tinha tanta gente
e hoje esse salão

quinta-feira, outubro 22

amores

o príncipe me mostrou o castelo de sua infância
banhou-me na água pura de uma mina
e sorrindo
entrou em mim para sempre

segunda-feira, outubro 19

pai

hoje teríamos festa, sorrisos e bolo
uma piada sarcástica
uma notícia de jornal
um abraço seguro e amoroso
um amor negociado

quarta-feira, outubro 14

férias no jardim

as plantas na chuva são bebezinhos
a serem cuidados

é preciso as embalar com mãos e olhos,
bem próximos.

quinta-feira, outubro 8

plantas

no pau-terra da varanda
há um imbé enroscado que sobe forte

lembrança de uma semente
num dia de lua e de amor.

a gente nunca sabe o que vai brotar
depois que a gente se for...

segunda-feira, outubro 5

de manhã no rádio do carro

Sólo le pido a Dios

Que el dolor no me sea indiferente,
Que la reseca muerte no me encuentre
Vacío y solo sin haber hecho lo suficiente.

Sólo le pido a Dios
Que lo injusto no me sea indiferente,
Que no me abofeteen la otra mejilla
Después que una garra me arañó esta suerte.

Sólo le pido a Dios
Que la guerra no me sea indiferente,
Es un monstruo grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente.

Sólo le pido a Dios
Que el engaño no me sea indiferente
Si un traidor puede más que unos cuantos,
Que esos cuantos no lo olviden fácilmente.

Sólo le pido a Dios
Que el futuro no me sea indiferente,
Desahuciado está el que tiene que marchar
A vivir una cultura diferente.
 
(Mercedes Sosa, se despedindo)

sábado, outubro 3

H2OLHOS

Paulo Tovar e outros Carcarás
festaram hoje ao som do canto da juriti
e sob o manto de Nossa Senhora do Cerrado,
que nos protege enquanto atravessamos eixos.

A festa do Café da Rua 8
faz com que reconheçamos
os calangos da nossa tribo, que pára no ar.

sexta-feira, outubro 2

eu Maiakovski e a lua. Mistério Bufo.

O Amor

Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos,
apareça
numa alameda do zôo,
sorridente,
tal como agora está
no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela,
que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame
de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então,
de todo amor não terminado
seremos pagos
em inumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo;
a mãe,
pelo menos a Terra.

terça-feira, setembro 29



(pescaria noturna no sítio de José Luís Peixoto)

PS: conclusão do poema:
Reflexos de corpos desfiguram-se nas montras e eu amo-te.
Envelhecem anos no esquecimento dos armazéns e eu amo-te.
Toda a cidade se destina à noite e eu amo-te.

domingo, setembro 27

pra não esquecer

fui ver Milton Nascimento no Museu da República
eu e meus amigos
fomos ouvir

lá pelas tantas,
o locutor da rádio e a drag de botas vermelhas
me entrevistam por 40 segundos
para ouvintes que não vão...

minha amiga está de prova! rsrs

sexta-feira, setembro 25

civilidade e amor

encontrei o moço com quem me casei aos vinte anos.
foi bem Saturno, em sua viagem de retorno, quem nos separou...

mas, na minha memória, ainda somos aqueles jovens
que sentavam nos bares e discorriam sobre o mundo.

e apesar de nossas vidas tão diferentes,
nos olhamos e reconhecemos.

sorrimos pelas noites e manhãs que tivemos
e brindamos com cervejas

terça-feira, setembro 22

chovemos e florimos é primavera

flor, taí a tradução do Rumi (meio estranha...). tão estranha que pra disfarçar a estranhice mando logo um poemeto chamado "árvore" do manoel de barros, certamente muito mais singelo pra dar sombra e aconchego e fruto e semente ao (h)etérico cantinho seu...

beijos de árvore-mãe,


"Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore.
Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de
sol, de céu e de lua mais do que na escola.
No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus
seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor
o azul
E descobriu que uma casa vazia de cigarra esquecida
no tronco das árvores só serve pra poesia.
No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas.
Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara,
envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros
e tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos. Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore porque fez amizade com muitas borboletas".

(Árvore - Manoel de Barros)

............
"Senhor, o ar cheira bem hoje,
Direto dos mistérios
De dentro dos íntimos pátios de Deus.
Uma graça feito roupas novas atiradas
Através do jardim, medicamento gratuito para todos.
As árvores em sua oração, os pássaros em oração,
A primeira violeta se ajoelha.
O que quer que tenha vindo do Ser é capturado em ser, embriagado
Esquece o caminho de volta..."
(Rumi)


2009/9/21 Adriana Borges
Regininha,

procurando um poema para dedicar às árvores, no dia de hj, achei este.
vc pode traduzi-lo para mim?

bjs em grandes e fortes galhos,
A.

Lord, the air smells good...

by Rumi

Lord, the air smells good today,
straight from the mysteries
within the inner courts of God.
A grace like new clothes thrown
across the garden, free medecine for everybody.
The trees in their prayer, the birds in praise,
the first blue violets kneeling.
Whatever came from Being is caught up in being, drunkenly
forgetting the way back.

Rumi was a 13th century Sufi mystic.

segunda-feira, setembro 21

Dia da árvore e da poesia

Era uma árvore no passeio
e fosse tempo claro ou feio,
havia uma paz de agasalho
dependurada em cada galho.

E foi vivendo. Viver gasta
músculo e flama de ginasta,
quanto mais uma arvorezinha
meio garota-de-sombrinha.

Carlos Drummond de Andrade, Viola de Bolso

(folha verde achada no blog Dias com Árvores)

sexta-feira, setembro 18

companhia

quando ele se foi tudo ficou tão escuro e silencioso
que tive medo de me render

eu chorava quando ela apareceu na porta
onde permaneceu por dias até que eu a tocasse

ela veio me salvar da lembrança
com sua companhia quente.

há 5 dias a gata desapareceu
e a ração ainda resta no pote

não me despedi

domingo, setembro 13

O que é comunicação


Estive viva
enquanto todos dançavam e eu também.

Fui ver e ouvir o som, a força e a gentileza de
Angelique Kidjo
sob o céu estrelado.

sábado, setembro 12

beleza


Tônia Carrero no bar, diva, a falar.
Alguém observa que ela fala pelos cotovelos.
e Rubem Braga, desbragado:
- Mas que cotovelos!

a queda das torres: 8 anos

acordei em 2001 no quarto do apartamento no Cruzeiro.
havia armários embutidos sobre a cama.
uma coleção de elefantes.
do meu lado, desordem,
mas por que acordei?

o telefone tocou na sala...
eram nove horas:
era minha mãe
e sua voz quente
e o sol entrava pela janela.

ela me conectou ao momento
em que os prédios caíam
e pela caixa eu vi
em tempo real

eu sabia que estava na história
que os meninos já nem lembram.

quinta-feira, setembro 10

efeméride

hoje ele faria aniversário
e beberíamos

talvez a gente brigasse
e fumaríamos

quem sabe a gente se amasse
e fugiríamos

terça-feira, setembro 8

artes marciais

levei um chute no queixo
de um moleque de 15 anos

tive que cuspir o sangue e o orgulho
enquanto tudo girava

as lágrimas não respeitaram meu momento,
nem o nervo dormente

o gelo arde agora
sobre esse instante de desatenção e soberba

mas tudo se dilui...

sexta-feira, setembro 4

natureza

todas as folhas do murici caíram
e se espalham pelo chão, tapete

a quaresmeira anã explodiu em flores brancas
que perfumam a porta

brotamos sob a lua cheia
rodopiando sorrisos

PS: o ipê branco deu flor. peguei o último dia e momento!


quarta-feira, setembro 2

de manhã no rádio do carro

Se você crê em Deus
Erga as mão para os céus
E agradeça
Quando me cobiçou
Sem querer acertou
Na cabeça

Eu sou sua alma gêmea
Sou sua fêmea
Seu par, sua irmã
Eu sou seu incesto
Sou igual a você
Eu nasci pra você
Eu não presto
Eu não presto

Traiçoeira e vulgar
Sou sem nome e sem lar
Sou aquela
Eu sou filha da rua
Eu sou cria da sua costela
Sou bandida
Sou solta na vida
E sob medida
Pros carinhos seus
Meu amigo
Se ajeite comigo
E dê graças a Deus

Se você crê em Deus
Encaminhe pros céus
Uma prece
E agradeça ao Senhor
Você tem o amor
Que merece

(Chico Buarque decifrando gente)

sexta-feira, agosto 28

...

what's up?

quarta-feira, agosto 26

surpresa

chupou-me os dedos dos pés.

terça-feira, agosto 25

gentileza

ele fez uma colagem durante a noite
trouxe-ma antes do sol com uma pequenina flor seca e roxa
e um disco de músicas que gosto

segunda-feira, agosto 24

tempo

previsão de uma semana de chuvas em Brasília,
no meio da seca de agosto.

acordei com a sinfonia dos sapos,
embalada pela lembrança de um príncipe.

sexta-feira, agosto 21

6 chicotadas e multa

Kartika Sair Dewu Shukarno, 32 anos, será chicoteada na Malásia porque bebeu cerveja.
Até quando?

quarta-feira, agosto 19

terça-feira, agosto 18

tá pensando que eu sou loki, bicho?

- Por que vocês estão aqui?
- Pra desbundar o maior número de pessoas.
- Você tá feliz?
- Podes crer.

segunda-feira, agosto 17

memórias

me lembro sempre
querendo esquecer

domingo, agosto 16

cachaça

futebol, ele diz.
sabe de tudo, com sua memória de menino.

me lembro das noites em claro
torcendo com meus vizinhos cruzeirenses
e esperando pelos fogos na madrugada

Brasil, Palmeiras...

se tivesse mais coragem, não dormia.

Band

salvação dos onanistas

sábado, agosto 15

sexta-feira, agosto 14

gripe suína

eu li a peste, de Camus
eu li ensaio sobre a cegueira, de Saramago
eu li o apocalipse, de Jesus

e agora vou ouvindo de autoridades sanitárias
e de amigos (e de minha intuição):
não vá à festa.

e onde andou esse único par?
traz ele um vírus? qual?

morreremos como moscas, no bom combate?

minha vizinha Regina diz que nossa consciência nos matará
achei que era uma verdade.

quinta-feira, agosto 13

das coisas mundanas

Deus protege os bêbados e as crianças.
Mas quem protege Deus?

quarta-feira, agosto 12

meteoros

o que para o cometa é o fim em poeira cósmica,
para nós é chuva de estrelas cadentes.

segunda-feira, agosto 10

saci

eu o ouvi antes mesmo dele chegar.
levantei os olhos, mas não havia movimento, só o som.

esperei prescrutando o horizonte e logo ele veio.

descabelou as árvores ao longe e levantou seu passo
redondo de poeira amarela e seca.
quando me viu, parou.

mas logo rendemo-nos à curiosidade
e ele veio descendo pelo quintal chacoalhando folhas,
passou ao largo e entrou na casa do vizinho batendo portas.

saiu à rua e cresceu diante do meu portão,
espiou pra dentro e sumiu no cerrado.

PS: sumiu com a chave do carro e da casa por dois dias.
impressionante, em se tratando de casa tão pequena.

domingo, agosto 9

de manhã no rádio do carro

Labareda te encostou
Lá vai, lá vai labareda

Labareda te queimou
Lá vai, lá vai, labareda
Labareda te matou
Lá vai, lá vai, labareda

Te matou de tanto amor
Lá vai, lá vai, labareda

Labareda
O teu nome é mulher
Quem te quer
Quer perder o coração
Rosa ardente
Bailarina da ilusão
Mata a gente
Mata de paixão

Labareda
Fogo que parece amor
Tua dança
É a chama de uma flor
Labareda
Quem te vê assim dançar
Em teus braços
Logo quer queimar

(Afrosamba de Baden Powell -
e acabei de chegar de uma fogueira grande
sob a lua...)

o balé das palavras, ou correção

Perguntada sobre a festa de ontem:
-Foi divertidíssima?
Tratei de diminuir a intensidade da palavra e,
por conseguinte, do momento:
- Não. Foi divertido.
E agora, após horas, vejo que o momento retoma seu tamanho em meu coração
e transforma a festa em instantâneo único
de troca de amor com amigos
que se acompanham há longa data.
Retifico a resposta indolente:
- Sim, foi divertidíssimo.

quinta-feira, agosto 6

êta vida besta

o meu prazer, agora é risco de vida
meu sex and drugs (and drink and drive)
não tem nenhum rock'n roll

quarta-feira, agosto 5

40 chicotadas

Imagine estar ao sul do Sudão, local de maioria cristã, em um restaurante com outras mulheres, para o almoço.

Irrompe para dentro de sua vida uma patrulha ideológico-religiosa islâmica que declara a todos que todas infringem leis sagradas, sociais, humanas, masculinas. Vestem calças.

Veja 10 mulheres aceitarem o açoite público de 10 chibatadas, para terminar logo aquilo.

Lubna Ahmed al-Hussein pensa que se isso ocorre ali, o que será de suas irmãs em Darfur. Recusa-se.

É uma jornalista com cargo na ONU e clama atenção, que se cubram de vergonha os algozes, que lhes apontem dedos e que os sábios falem sobre o sagrado.

"Chicotadas não significam dor, chicotadas são um insulto aos humanos, mulheres e religiões".

Da estirpe dos corajosos, a moça.

terça-feira, agosto 4

peixe com banana

e a gente conversando...

sábado, agosto 1

Eu vi o Abelardo da Hora

No CCBB Brasília, ao ar livre, se exibem lindas mulheres de cimento polido, peitinhos de pitomba, bocas de sorrir e beijar, cabelos ao vento.

Lá também estão as famílias e gentes da fome e da seca do sertão e os meninos nas ruas das cidades.

E como se não bastasse, gravuras apresentam carnavais e brincadeiras de criança, enquanto ao lado, o bronze transformado em casais, capoeiras, mulatas, formas.

Tudo se revela com a paixão do artista por sua arte, essa musa que o carrega ainda agora, aos 85 anos, que completou ontem. Saltam aos olhos o amor e solidariedade de Abelardo.

Se você estiver perto, vá. Vá ver o que dá tesão e raiva em Abelardo da Hora.

sexta-feira, julho 31

clima (ou amigos que partem)

é seco e nossos narizes já sangram
todos sentem
quando coisas e pessoas se movem

quarta-feira, julho 29

mercado de trabalho

a displiscência é um pecado.

domingo, julho 26

livros

Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo

Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura

Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou – o que é muito pior – por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:
Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras

Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas

(Caetano Veloso num disco, ao entardecer, que é um livro...)

sexta-feira, julho 24

se é o que queres...

eu sou essa, que é o que queres...
sim, eu sei, no fundo sou o que quero,
mas não resisto ao que você quer.

quinta-feira, julho 23

férias

somos livres para voar para lugares
aprazíveis

quarta-feira, julho 22

esperança

do verbo esperar
o melhor
mais feliz
justo
simplesmente o bom
momento.

terça-feira, julho 21

dia do amigo

acordei com meus amigos bem-te-vis.
no jardim, a melissa virava árvore sob minhas mãos.
chá para minha vizinha Regina.
ela e sua filha Gabriela vieram,
suco de morango.

fui a oficina do João Bigode, no Paranoá.
ele não está mais lá, mas seu filho está.

vi o homem que construiu minha casa, tomamos café na padaria.
vi a moça do horto, levarei a bromélia lilás...

beijei minha amiga Dani que viaja a trabalho,
e quando ia encontrar um trompetista,
os amigos do PAH aniversariam no Beirute.

festa com Miles Davis
e um jantar em meu território na quinta.

além disso, o carro está limpo
e eu ganhei duas partidas de sinuca de um tal Luiz.

dia intenso.

sexta-feira, julho 17

quintana e eu


os muros móveis do vento
compõem minha casa-barco.

quem foi que me prendeu por dentro
de uma gota d'água?

quinta-feira, julho 16

nova boemia

encontrei um homem inteiro ontem, à noite.
ele achava que estava se divertindo
e de fato estava.

nunca resisto aos fortes.
me dão tesão.

quarta-feira, julho 15

boemia

encontrei um homem sozinho ontem, à noite.
ele achava que estava se divertindo
mas parecia um garotinho agarrado a sua caneca.

nunca resisto aos perdidos.
tenho dó.

terça-feira, julho 14

avatar

ficar sem conexão
é como perder o carro.

a vida real te invade
e os pixels voltam ao seu tamanho normal,
assim como as pessoas nas ruas.

o sol da manhã
me arrebatou.

sexta-feira, julho 10

poesia

encontrei meu amigo poeta
e ali ao lado
ele fez um poema imagem

e sorrindo
me deu

o poderoso Leminski

um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

segunda-feira, julho 6

acne

sou toda vulcões em erupção.

de manhã no rádio do carro

Se os frutos produzidos pela terra
Ainda não são
Tão doces e polpudos quanto as peras
Da tua ilusão
Amarra o teu arado a uma estrela
E os tempos darão
Safras e safras de sonhos
Quilos e quilos de amor
Noutros planetas risonhos
Outras espécies de dor

Se os campos cultivados neste mundo
São duros demais
E os solos assolados pela guerra
Não produzem a paz
Amarra o teu arado a uma estrela
E aí tu serás
O lavrador louco dos astros
O camponês solto nos céus
E quanto mais longe da terra
Tanto mais longe de Deus

(Gilberto Gil interpretando sinais)

domingo, julho 5

início

a foto do céu segue presa dentro da máquina
mas o instante vai grudado na memória

com o domingo, a iminência de outra vida
mais livre do que fui até agora

às vezes parece voto de dieta no reveillon:
tem um ano para acontecer
e prefere as segundas.

PS: eis a foto do céu:

sábado, julho 4

notícia intergaláctica

meu amigo que foi abduzido
me transmitiu hoje essa mensagem:
"o chumbo está derretendo,
Sarney vai rodar."

esse menino fala coisas tão loucas...

ave de rapina

quando saio de casa
e se olho o céu
gritam os gaviões

me sinto acompanhada

quarta-feira, julho 1

o que devo dizer a ela

obrigada.

a casa cheira bem,
mas vejo que ainda há pó naqueles 90° da janela.

sempre é coragem sair do útero da mãe, na estrada,
mas é preciso atentar o olhar.

a geladeira fez um degelo inútil,
mas espero que você tenha sentido a paisagem.

diário

quero lhes dizer que esse dia foi incrível,
não me deixem esquecer.

finalizo com uma torta mousse miss daisy,
que é um ícone.


01/07/2009

que lua é essa?
crescente.

terça-feira, junho 30

morre Pina Bausch

"Não interessa como as pessoas se movem, mas o que as move."

correspondência

agora que novos vizinhos chegam
como nuvens de gafanhotos,
o síndico escreveu-nos uma carta.

eles já viram que a água faltará,
mas é como gritar aos surdos.

pagaremos todos
enquanto alguns lavam carros e calçadas.

PS: o Nic acha que gastamos muito porque não temos infraestrutura.
precisamos nos lavar muuuito mais vezes...

segunda-feira, junho 29

adrianas

Com o que será que sonha
a mulher barbada?
Será que no sonho ela salta
como a trapezista?
Será que sonhando se arrisca
como o domador?
Vai ver ela só tira a máscara
como o palhaço.
O que será que tem,
o que será que hein?
O que será que tem a perder
a mulher barbada?

sábado, junho 27

post mortem

Nesses dias, até na Lua se ouviu
nossas radiolas tocando Michael Jackson
em uníssono.

quarta-feira, junho 24

Heteranthera reniformis


Photo: © Delaware Wildflowers

segunda-feira, junho 22

lua nova

passava o café, de manhã
e aguava o jardim
e fumava

gostava do inverno, de arroz integral
do Osho e de transar

hoje o repeti

domingo, junho 21

solstício de inverno

tempo seco
sob o céu aberto

os ipês rebentam
buquês ofertados pela existência

o Vento Semeador chegou hoje ao cerrado
e deu voltas no jardim pela manhã.

sexta-feira, junho 19

amanhã

Quando o sol nasceu
meu braço esquerdo já formigava.

Será a Morte a me fazer cócegas?

quinta-feira, junho 18

surpresa

cheguei em casa
e agora diante do meu portão
um poste iluminado.

não! não quero a luz onde nasce a lua!
não quero a luz da civilização!
quero a funda de Davi, quebrarei a lâmpada!

entendo os meninos contra o sistema...

terça-feira, junho 16

sentimentalidades

tenho amigas.
damos as mãos, rodamos,
nos nossos olhos reconhecemos o mundo, essa lida.

no carinho quente, atenção e cuidado,

reverberamos!

saudade de cada uma.



PS: nag champa!...rs

segunda-feira, junho 15

uma casa nas brumas



Leonardo diz que ela é uma fortaleza.
- De vidro? pergunto.
Me sinto em paz, protegido pelo cerrado.
- Pode ser uma semente.

sexta-feira, junho 12

tempo

já é seca...
mas ainda chove...

Tom Zé explica

quero te quero
querendo quero bem
quero te quero
querendo quero bem.

Chiclete chiclete, mastigo dor e dor
clete chiclete, mastigo dor e dor.
Te choro te choro, chuvinha chuviscou.
Choro te choro, chuvinha chuviscou.
Chamego chamego, me deixa me deixou.
Mego chamego, me deixa me deixou.
A dor a dor, a dor a dor.
.. ... ...
Mas eu te espero
porque o grito dos teus olhos
é mais longo que o braço da floresta
e aparece atrás dos montes, dos ventos e dos edifícios
e o brilho do teu riso
é mais quente que o sol do meio-dia
e mais e mais e oh oh oh oh oh

Mas eu te espero
na porta das manhãs porque
o grito dos teus olhos
é mais e mais e mais
e depois que você partiu
o mel da vida apodreceu na minha boca
apodreceu na minha boca
Oh, oh, oh, oh, oh

Freud explica

"Nós nunca somos tão desamparadamente infelizes como quando perdemos um amor."

quinta-feira, junho 11

avô desnaturado

José Sarney não saber ao menos onde anda o neto
é o cúmulo da cara-de-pau.

quarta-feira, junho 10

de manhã no rádio do carro

Coisa mais bonita é você
Assim, justinho você
Eu juro, eu não sei bem porque você

Você é mais bonita que a flor
Quem dera, a primavera da flor
Tivesse todo esse aroma de beleza
Que é o amor perfumando a natureza
Numa forma de mulher

Porque tão linda assim não existe a flor
Nem mesmo a cor, não existe
E o amor, nem mesmo o amor existe
E eu fico um pouco triste, um pouco sem saber
Se é tão lindo o amor que eu tenho por você

(João Gilberto faz 78 anos)

* canto essa música para Maria Clara desde sempre

terça-feira, junho 9

amores perros

de longe, um homem que eu não conheço
envia notícias de sua vida pacata.

esse homem que não me conhece
pensa que sou uma emoção.

somos apenas franco-atiradores.

domingo, junho 7

cerveja

feijoada boa...
tudo vira um grande beijo e abraço...

sábado, junho 6

Ele é minha sombra.

sexta-feira, junho 5

questões ambientais

meu condomínio alarga ruas, derruba frutas de lobos e mimosinhas.

meu vizinho constrói um muro e a cada amanhecer outra paisagem diante da minha janela.

o cerrado se acanha como o mar aral, tornando ao pó.

caminharemos no nosso deserto interior.

terça-feira, junho 2

movimento

o taekwondo é um boxe com os pés.

não sei quem falou essa frase, na cobertura das olimpíadas,
mas pensei imediatamente em um canguru.

é uma arte marcial coreana, que, felicidade!, um meu amigo conhece.

penso que poderá aquecer as noites frias do inverno.

segunda-feira, junho 1

alterações de humor

Há dias em que não nos entendemos com nossos amigos.
Eles querem a pessoa de sempre.

Não serei sempre a mesma pessoa.
As cartas não mentem.

domingo, maio 31

Heteranthera limosa


celebrações

meus amigos fazem aniversário.
nos vemos e tocamos, comprovando a existência.
é a vida que segue.

quarta-feira, maio 27

gente impressionante na noite - Sá Carneiro é ..

Enviado por Pedro Lago, do Corujão da Poesia -
26.5.2009
23h30m
Poema da noite (Semana Mário de Sá-Carneiro)
Aquele Outro - Mário de Sá-Carneiro
O dúbio mascarado, o mentiroso
Afinal, que passou na vida incógnito;
O Rei-lua postiço, o falso atónito;
Bem no fundo, o cobarde rigoroso...
Em vez de Pajem, bobo presunçoso.
Sua alma de neve, asco dum vómito...
Seu ânimo, cantado como indómito,
Um lacaio invertido e pressuroso...
O sem nervos nem ânsia, o papa-açorda...
(Seu coração talvez movido a corda...)
Apesar de seus berros ao Ideal.
O corrido, o raimoso, o desleal,
O balofo arrotando Império astral,
O mago sem condão, o Esfinge gorda...

festa

minha gata gosta da água parada da pia da cozinha.
acho que ela vai morrer envenenada,
mas ela nunca morre!

ela salta, como se não houvesse amanhã.
é o ponto em que a invejamos?

domingo, maio 24

cores na cidade

quando voltava pra casa, três motos, grandes e coloridas, passaram por mim.
times uniformizados jogavam futebol no campinho da quadra.
um monomotor no céu.

é um domingo de sol depois de noites de festas,
onde nossos olhos sorridentes se reconheceram.

sexta-feira, maio 22

um dia eu vi cabras no jardim

Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros

(Zé Rodrix foi compor em outras bandas)

quarta-feira, maio 20

tudo o que faço ou medito

Tudo que faço ou medito
Fica sempre na metade
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúdica e rica,
E eu sou um mar de sargaço —

Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além…
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.

Fernando Pessoa - Cancioneiro- 13/09/1933

terça-feira, maio 19

Darwinius massillae


Ida, uma macaca-lêmure que viveu há 47 milhões de anos na Alemanha, está sendo apresentada como a mais nova descoberta da paleontologia: o elo-perdido, um ancestral comum de grandes primatas (homens, gorilas, etc) e pequeninos primatas (como os lêmures!).

O ponto onde nossa árvore genealógica inicia sua divisão, gerando espécies transitórias.

Darwin intuiu a Ida.
E eu, aqui nesse tempo, testemunho a genialidade de Darwin!


Em tempo: A Revista Brasileiros traz o mapa astral de Charles Darwin, um aquariano típico, coisa assim avant-garde.
Tudo está previsto nos astros.

segunda-feira, maio 18

o real

estou novamente sem carro.
a dor e a delícia desse lugar ermo.

exercitamos o transporte solidário, a vizinhança
e aquela curiosidade de ver os amigos pela manhã.

domingo, maio 17

procrastinar

desde esse momento aguardo o amanhã
para mudar para sempre

sábado, maio 16

Heteranthera dubia

...

(falo com vocês telepaticamente, rsrs)

quinta-feira, maio 14

gotas alcoólicas

E bebendo, Vida, recusamos o sólido
O nodoso, a friez-armadilha
De algum rosto sóbrio, certa voz
Que se amplia, certo olhar que condena
O nosso olhar gasoso: então, bebendo?
E respondemos lassas lérias letícias
O lusco das lagartixas, o lustrino
Das quilhas, barcas, gaivotas, drenos
E afasta-se de nós o sólido de fechado cenho.
Rejubilam-se nossas coronárias. Rejubilo-me
Na noite navegada, e rio, rio, e remendo
Meu casaco rosso tecido de açucena.
Se dedutiva e líquida, a Vida é plena.
*
Te amo, Vida, líquida esteira onde me deito
Romã baba alcaçuz, teu trançado rosado
Salpicado de negro, de doçuras e iras.
Te amo, Líquida, descendo escorrida
Pela víscera, e assim esquecendo
Fomes
País
O riso solto
A dentadura etérea
Bola
Miséria.
Bebendo, Vida, invento casa, comida
E um Mais que se agiganta, um Mais
Conquistando um fulcro potente na garganta
Um látego, uma chama, um canto. Amo-me.
Embriagada. Interdita. Ama-me. Sou menos
Quando não sou líquida.

Hilda Hilst e seu desejo

quarta-feira, maio 13

sonhei com ele?

tudo foi tão débil, fluido
fios de vida pregados nas pontas
..dos cílios!

terça-feira, maio 12

de manhã no rádio do carro

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
Ter loucura por uma mulher
E depois encontrar este amor, meu senhor
Nos braços de um outro qualquer
Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
E por ele quase morrer
E depois encontrá-lo em um braço
Que nem um pedaço do seu pode ser

(Jamelão faria 96 anos)

segunda-feira, maio 11

outra luz, um filtro vermelho

Após cinco dias sem carro, tudo voltou ao normal.
Pude ver meus amigos e me mover independente, rir, vir...

É outono na cidade e as chuvas lavaram o céu,
de modo que os motoristas contumazes deveriam ser agraciados com uns dias sem carro, para que olhem para o alto.

De brinde, a experiência de mover-se entre a cidade.

(tenho óculos de sol acastanhados.)

domingo, maio 10

dia das mães

"Uma das grandes enfermidades é não ser ninguém para ninguém."
Madre Tereza de Calcutá

sexta-feira, maio 8

soneto do gato morto


Um gato vivo é qualquer coisa linda
Nada existe com mais serenidade
Mesmo parado ele caminha ainda
As selvas sinuosas da saudade

De ter sido feroz. À sua vinda
Altas correntes de eletricidade
Rompem do ar as lâminas em cinza
Numa silenciosa tempestade.

Por isso ele está sempre a rir de cada
Um de nós, e ao morrer perde o veludo
Fica torpe, ao avesso, opaco, torto

Acaba, é o antigato; porque nada
Nada parece mais com o fim de tudo
Que um gato morto.

De: MORAES, Vinícius de. Nova antologia poética. Org. por Antonio Cicero e Eucanaã Ferraz. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2008

quinta-feira, maio 7

gripe

fui ao banco na terça-feira
e debaixo do ar condicionado
peguei uma gripe, ali mesmo naquela hora.

se depender do meu sistema imunológico
morrerei de influenza.

terça-feira, maio 5

do modo como envelhecem


Hoje começa no CCBB Brasília a mostra de filmes chamada Tribos Urbanas.
Easy Rider e Peter Fonda querem falar sobre a tal liberdade.
Quero ver todos os filmes, porque essas tribos são a história do meu tempo.

Mas eis o que disse Dennis Hopper, na web:
"Talvez não haja mais contra o que se rebelar. Parece que todo mundo anda muito satisfeito consigo mesmo hoje em dia. Agora que me tornei parte do sistema, acho que gostaria de ficar nele".

Dia desses se foi Augusto Boal, que nunca capitulou.
Fez de seu teatro e de sua vida uma fala que não se calou, que gritou.

Todos sabem quando tomba um guerreiro.

segunda-feira, maio 4

o tempo não para

faço remendos em mim
enquanto tiro teias dos cantos

é amargo e doce
ir se descobrindo

sábado, maio 2

eu sinto quando ele fala comigo

e também sobre a música escolhida de Chico.
(tenho olhos e ouvidos para os sinais...)

Fado Tropical
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque/ Ruy Guerra

Oh, musa do meu fado
Oh, minha mãe gentil
Te deixo consternado
No primeiro abril

Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro)
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."

Com avencas na caatinga
Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical
E a linda mulata
Com rendas do alentejo
De quem numa bravata
Arrebata um beijo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto

Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto

Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa"

Guitarras e sanfonas
Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre trás-os-montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial

sexta-feira, maio 1

o trabalho de ser mulher

hoje o telefone tocou antes das 8 da manhã.
era uma mulher pedindo socorro.
não há como desligar-se e voltar a dormir.

hoje Delara Dalabi foi assassinada pelo governo do Irã.
tinha 23 anos e foi presa aos 17, para salvar um namorado.

a violência nos abraça a todas.

quarta-feira, abril 29

sobre notícias aterradoras

um dia, fantasmas voltam a caminhar junto de você.
pessoas com as quais conviveu há 10 anos
apontam seus dedos em riste e perguntam:

qual a distância entre o que dizemos e o que fazemos?

viver e amar não é para qualquer um.

terça-feira, abril 28

enquanto isso...


O novo presidente da Africa do Sul, Jacob Zuma, é zulu e é polígamo.
É casado desde 1959 com um amor, ficou viúvo da segunda esposa, que se suicidou, se separou da terceira e, aos 67 anos casou-se com a quarta mulher, de 33 anos, católica (sim, a foto é de seu casamento).
A primeira, matriarca, é responsável pelos 11 ou 17 filhos de 11 amantes diferentes (as quatro mulheres entraram nessa conta?).

Isso é que é liberdade!!!! rs
"Eu prefiro ser honesto: amo todas as minhas mulheres e tenho orgulho de todos os meus filhos".

Deu no Le Monde... perguntam-se quem deverá ocupar a sala de primeira-dama ou primeira-presidenta...
É, os franceses não são mais os mesmos.

segunda-feira, abril 27

a resposta de Nietszche

Ontem, debaixo de chuva torrencial, Zaratustra assim me falou:

Você se acha livre? Quero ouvir sua idéia dominadora, e não que você escapou da opressão...
Livre de que? Zaratustra não liga para isso!
Mas seus olhos devem claramente me dizer: livre de que?

atualização: Zaratustra está na rede, mas no livro mesmo ainda não achei essa frase.
continuarei procurando ou terei que desmascarar esse ventríloquo de Nietszche! rs

sábado, abril 25

liberdade

nem esse quarto,
nem essa cama...

não voltei para casa.

estou sorvendo a vida
como se ela estivesse nessa garrafinha marrom.

e quem não é livre, que atire a primeira pedra.

sexta-feira, abril 24

Precisão (dia do livro, do copyright, do chorinho... e de São Jorge!!! rs)

O que me tranquiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.


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Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar.

(é de Clarice Lispector, que não tem blog, entre 19.500 entradas em 0,92 seg)

quinta-feira, abril 23

dia de São Jorge


Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge
para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem,
tendo mãos não me peguem,
tendo olhos não me vejam,
e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão,
facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar,
cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina Graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino,
protegendo-me em todas as minhas dores e aflições,
e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder,
seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza e que, debaixo das patas de seu fiel ginete, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós.
Assim seja, com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.

São Jorge, rogai por nós !

terça-feira, abril 21

reminiscências

ao olhar o jardim hoje, pela manhã,
dei-me conta que falta a metade que o apresentava tão divinamente.

segunda-feira, abril 20

celebrações


ontem Regininha fez aniversário.
bons amigos apareceram pra fazer uma festa ótima.
hoje de manhã até as borboletas vieram cumprimentar nossa amiga libélula.

entre duas festas

eu acho celebrar uma palavra tão bonita...

sexta-feira, abril 17

de manhã no rádio do carro

Ai, mas como é triste
essa nossa vida de artista
Depois de perder Vilma pra São Paulo
perder Maria Helena pro dentista

(Ednardo faz 64 anos)

quinta-feira, abril 16

demorou

o pensamento vinha forte e vigoroso...

e sucumbiu à lentidão da internet (da conexão? da mão?).

eu olho...