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sábado, dezembro 26
Natal
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domingo, dezembro 20
oráculo
sexta-feira, dezembro 18
ciclos
terça-feira, dezembro 15
festas de dezembro
sábado, dezembro 12
de manhã no rádio do carro
Para o sol
Alcança só
O que gravita
O tempo é longo
Pra quem fica
A terra gira
Pra nós dois
Um ano é pouco
Pra depois
O mundo é largo
Pra quem fita
A lua é manto
Para o mar
Querer é tanto
Para a vida
A lua é longe
O sol é mais
Por que você
Não acredita?
terça-feira, dezembro 8
gente
segunda-feira, novembro 30
uma história de Edu
(direto do blog da Ivana: doidivana.wordpress)
A INCRÍVEL HISTÓRIA DE EDU PRAXEDES
30 Novembro, 2009 por doidivanaNão me lembro a data certa em que Edu foi encolhendo, encolhendo, até ficar com pouco mais de cinco centímetros. Arranjei-lhe caminha, travesseirinho, mas ele todo era desconforto e dor. Certa manhã, pediu-me com sua voz quase sumida:
- Água, quero água.
Trouxe – lhe num conta-gotas, mas antes que eu pingasse em sua minúscula língua, ele esbravejou:
- Não, sua idiota, quero água para viver. Preciso morar na água.
Atendendo prontamente ao seu pedido, comprei um aquário e mergulhei-o na água fresquinha. A pele ressecada foi se tornando viçosa de novo. Edu melhorava a olhos vistos, embora fosse o mesmo de sempre, a neurastenia em forma de gente.
Falei-lhe sobre comida de peixe, ele achou ótima idéia, era isso mesmo que queria. A princípio comia com apetite a ração que chovia do pacote, mas ao fim da primeira semana, ouvi-o reclamar enter os dentes:
- Sempre a mesma merda.
Tentando amenizar seu mau-humor, comprei uma linda sereia de pedra e coloquei no fundo do aquário. Esperei. Olhando-me fixamente nos olhos, ele pôs-se a vociferar:
- Não pense que pode me alegrar com essa bugiganga ridícula.
Edu nunca respeitou as mínimas regras da boa convivência.
- Eu só queria…
- Eu sei o que você queria. Você queria que eu fosse uma criatura alegre, que agradecesse a comida infame que você me dá e ainda louvasse a Deus pela graça de existir.
- Edu, o seu problema…
- Se você fosse mais esperta, entenderia que não existe o meu problema e o seu problema, o que existe é O Problema e para este, minha cara, não há sereia que dê jeito. Dizendo isso voltou-se para a parede, que era o seu jeito de encerrar o papo.
No dia seguinte, tentando fazer as pazes, bati no vidro. Ele veio gritando:
- Quando você vai parar com essa mania de bater no vidro? Quer me enlouquecer? Já disse mil vezes que quando quiser falar comigo, basta chamar. Surdo eu ainda não fiquei.
Era preciso ter paciência. Covardia brigar com aquela miniatura de homem.
Na semana seguinte eu passava café na cozinha quando escutei uma musiquinha. Edu Praxedes assobiando calmamente? Pé ante pé me aproximei e não me contive:
- Que linda canção, Edu!
Com o corpo estremecido de susto, defendeu-se como pode.
- Não seja ridícula, que motivos eu teria para cantar?
- Quem sabe a sereia?
- Por falar em sereia, dá pra tirar essa geringonça daqui? Ela é muito grande, me rouba espaço e polui visualmente minha inútil paisagem – era esta a música que Edu assobiava.
Sem esticar a discussão, atendi prontamente ao seu pedido. Mas não desisti. Dois dias depois, cheguei com surpresa maior: uma peixa para Edu Praxedes, uma peixa de verdade. Seus olhinhos brilharam, mas logo enrugou a testa. Olhava para mim, olhava para a peixa, olha de novo para mim, olhava para a peixa, até que desembuchou:
- Mergulhe de uma vez esta pobre criatura neste poço de tédio, antes que ela morra em suas mãos.
Melhor que o esperado. A peixa entrou desenxabida, conhecendo o espaço devagar. Quando balançou a cauda e deu sua primeira corrida, Edu perguntou-me com o descaso habitual:
- Essa infeliz já tem nome ou vai ficar anônima?
- Por isso não, respondi, é pra já. Que nome você sugere?
Depois de examiná-la atentamente, estourou numa gargalhada.
- Que tal Laura, como você?
Concordei de imediato, sem perguntar o porquê da risada. Ainda na minha presença pôs-se a contar a Laura que a comida era insuportável, que eu tinha mania de bater no vidro e que volta e meia algum amigo jogava bituca dentro do aquário.
Laura passava seus dias de boca aberta e olhos arregalados ouvindo os intermináveis discursos de Edu. Aos poucos foi emagrecendo, recusava-se a comer, nadava de cabeça baixa, arrastando a cauda devagar. Seus olhinhos redondos foram ficando vesgos. Resolvi ter com ela uma conversa a sós. Apanhei-a numa xícara e fomos as duas para a cozinha. A portas fechadas ficaríamos mais à vontade.
- Laurinha, querida, o que está acontecendo? Você anda tão tristinha, quase não come nada, é o chato do Edu Praxedes, não é? Você quer sair de lá?
- Não! – ela gritou numa retomada de fôlego fantástica.
Em seguida caiu num pranto de cortar o coração. Quando parou de chorar confessou-me:
- Eu estou apaixonada por ele.
- Santo Deus! É o pior que podia acontecer.
Muito brava, Laura disse que eu estava completamente enganada, que eram muitas as virtudes daquele ser tão magnífico. Elogiou sua vasta sabedoria, a beleza dos seus olhos, seu porte atlético e o modo exuberante como ele gesticulava. Não sairia dali por nada do mundo.
Meses se passaram. Para minha surpresa, Edu tornava-se cada vez mais atencioso. Ficava horas calado, ouvindo as histórias de Laura, sorrindo das bobagens que ela dizia, até a comida passou a comer com prazer.
Certa noite, Alex veio me visitar. Depois de muito vinho e alguns beijos, fomos nadar nas águas dos meus lençóis. Lá pelas tantas, morta de sede, fui à cozinha e mal pude acreditar no que vi: Laura e Edu entrelaçados no mais lindo mergulho de amor. Dei meia-volta e matei a sede na torneira do banheiro. Ai de mim se interrompesse!
No dia seguinte despedi-me de Alex, fechei a porta e tremi de pavor ao olhar o aquário. Laura boiava na superfície, com a barriga inchada e a boca roxa. Os olhinhos vesgos não brilhavam mais.
- Laura! – gritei desesperada.
Edu, logo abaixo, me olhava indiferente. Perguntei-lhe aflitíssima:
- O que foi isto? O que aconteceu à Laura?
- Eu a matei.
- Você está brincando?
- Não, não estou. Eu a matei. Não suportava mais aqueles olhinhos vesgos me encarando o tempo todo. Vesgos e apaixonados. Estavam me fazendo mal Antes que a situação ficasse irremediável resolvi pôr um ponto final nessa história.
Fiquei horrorizada. Que estupidez, que crueldade!
- Querida Laura, se a vida já é difícil, depois deles ficaria insuportável. A morte é mais suave.
- Desde que seja a morte dela, não é?
- A corda sempre arrebenta do lado mais fraco.
- Seu puto – berrei desesperada – você é o lado mais fraco. Não vê que foi você que arrebentou?
Me pedindo que falasse mais baixo, virou-se para o canto e fingiu dormir. Encostei no batente da porta e escorreguei até cair no chão. Fiquei lá, com a cabeça vazia de idéias, horas a fio.
De repente ouvi o telefone tocar. Era Alex me chamando para o almoço. Dei-lhe uma desculpa qualquer, um imprevisto, o almoço ficava para outro dia. De dentro do aquário Edu me abriu um sorriso verdadeiro, o primeiro de toda sua vida. Seus olhos estavam redondos e vesgos.
Catei Edu e fui até à janela. Com as mãos no vazio, abri os dedos devagar.
conto do meu livro Histórias da Mulher do Fim do Século
sábado, novembro 28
Cavaleiro Solitário
Atravessei a vida
Acreditei que era perto e fui lá ver
Acreditei que era perto e fui...
Cavaleiro solitário
Caminha com sua estrela
E a fé no vaticínio das visões
Inventa o próprio tempo e estações
Atrai as reações mais loucas
Pessoas diferentes são irmãs
Todos seus companheiros são iguais
Iguais e diferentes e irmãos
Mil trovões, num encontro de titãs, ô, ô
Perdão oh minha amada
Eu nunca voltarei
Do mesmo modo
Como um dia eu saí
A vida não tem "replay"
Há muito eu sei
Foi tudo maravilhoso
Até a hora em que eu parti
Há muito tempo
Cavaleiro Solitário...
(Eu quero
Eu quero ver
Eu quero ver a cruz
Eu quero ver a cruz vazia
Eu quero ver o som da alegria
Eu quero ver a cor da tua fantasia.
Eu quero
Eu quero ter
Eu quero a vida
Eu quero a vida inteira
Eu quero o som da brincadeira
Eu quero a cor da tua terça-feira.
O carnaval, o feriado nacional
Da vida em festa
Fenomenal, sensacional
Eu quero o sorriso
Liso, belo e preciso da loucura ocidental.)
quase de manhã no rádio do carro
Diga Lá, Coração
Gonzaguinha
(São coisas dessa vida tão cigana
Caminhos como as linhas dessa mão
Vontade de chegar
E olha eu chegando!
E vem essa cigarra no meu peito
Já querendo ir cantar noutro lugar.)
-> não!
Diga lá, meu coração
Da alegria de rever essa menina,
E abraçá-la,
E beijá-la.
Diga lá, meu coração
Conte as estórias das pessoas,
Das estradas dessa vida.
Chore esta saudade estrangulada
Fale, sem você não há mais nada
Olhe bem nos olhos da morena e veja lá no fundo
A luz daquele sol de primavera.
Durma qual criança no seu colo
Sinta o cheiro forte do teu solo
Passe a mão nos seus cabelos negros
Diga um verso bem bonito e vá embora
Diga lá, meu coração
Que ela está dentro do teu peito e bem guardada
E que é preciso
Mais que nunca
Prosseguir,
Espere por mim, morena
Espere que eu chego já
O amor por você...
Diga lá, meu coração
Que ela está dentro em peito e bem guardada
E que é preciso
Mais que nunca
Prosseguir,
Prosseguir.
Espere por mim, morena
Espere que eu chego já
O amor por você, morena...
Espere por mim, morena
Espere que eu chego já
O amor por você, morena...
sexta-feira, novembro 27
pra sair do seu umbigo
quinta-feira, novembro 26
aprendiz
segunda-feira, novembro 23
mistério
quarta-feira, novembro 18
domingo, novembro 15
ordem
quarta-feira, novembro 11
domingo, novembro 1
de manhã no rádio do carro
Atravessei sete montanhas
Pra chegar no mar
Porque nasci, nasci para bailar
Abri veredas e cancelas pra poder passar
Porque nasci, nasci para bailar
Danço bolero, danço samba, danço chá-chá-chá
Por que nasci, nasci para bailar
Rimo Raimundo com a virada desse mundo
Vou no raso, vou no fundo
Mas um dia eu chego lá
Rodo Bandeira, dou pernada dou rasteira
Toco surdo e frigideira
Atabaque e ganzá
Porque nasci, nasci para bailar...
(João Donato, que deu o ar da graça na cidade)
sábado, outubro 31
quarta-feira, outubro 28
outras visitas
visitas
terça-feira, outubro 27
continuação e fim
o enlevo e o inferno,
os cheiros e o medo,
os silêncios embutidos nas palavras.
o amor é uma decisão de confiança em si mesmo.
segunda-feira, outubro 26
domingo, outubro 25
sábado, outubro 24
quinta-feira, outubro 22
amores
banhou-me na água pura de uma mina
e sorrindo
entrou em mim para sempre
segunda-feira, outubro 19
pai
uma piada sarcástica
uma notícia de jornal
um abraço seguro e amoroso
um amor negociado
quarta-feira, outubro 14
férias no jardim
a serem cuidados
é preciso as embalar com mãos e olhos,
bem próximos.
quinta-feira, outubro 8
plantas
há um imbé enroscado que sobe forte
lembrança de uma semente
num dia de lua e de amor.
a gente nunca sabe o que vai brotar
depois que a gente se for...
segunda-feira, outubro 5
de manhã no rádio do carro
Que el dolor no me sea indiferente,
Que la reseca muerte no me encuentre
Vacío y solo sin haber hecho lo suficiente.
Sólo le pido a Dios
Que lo injusto no me sea indiferente,
Que no me abofeteen la otra mejilla
Después que una garra me arañó esta suerte.
Sólo le pido a Dios
Que la guerra no me sea indiferente,
Es un monstruo grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente.
Sólo le pido a Dios
Que el engaño no me sea indiferente
Si un traidor puede más que unos cuantos,
Que esos cuantos no lo olviden fácilmente.
Sólo le pido a Dios
Que el futuro no me sea indiferente,
Desahuciado está el que tiene que marchar
A vivir una cultura diferente.
(Mercedes Sosa, se despedindo)
sábado, outubro 3
H2OLHOS
festaram hoje ao som do canto da juriti
e sob o manto de Nossa Senhora do Cerrado,
que nos protege enquanto atravessamos eixos.
A festa do Café da Rua 8
faz com que reconheçamos
os calangos da nossa tribo, que pára no ar.
sexta-feira, outubro 2
eu Maiakovski e a lua. Mistério Bufo.
Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos,
apareça
numa alameda do zôo,
sorridente,
tal como agora está
no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela,
que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame
de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então,
de todo amor não terminado
seremos pagos
em inumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o Universo;
a mãe,
pelo menos a Terra.
terça-feira, setembro 29
domingo, setembro 27
pra não esquecer
eu e meus amigos
fomos ouvir
lá pelas tantas,
o locutor da rádio e a drag de botas vermelhas
me entrevistam por 40 segundos
para ouvintes que não vão...
minha amiga está de prova! rsrs
sexta-feira, setembro 25
civilidade e amor
foi bem Saturno, em sua viagem de retorno, quem nos separou...
mas, na minha memória, ainda somos aqueles jovens
que sentavam nos bares e discorriam sobre o mundo.
e apesar de nossas vidas tão diferentes,
nos olhamos e reconhecemos.
sorrimos pelas noites e manhãs que tivemos
e brindamos com cervejas
terça-feira, setembro 22
chovemos e florimos é primavera
beijos de árvore-mãe,
"Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore.
Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de
sol, de céu e de lua mais do que na escola.
No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus
seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor
o azul
E descobriu que uma casa vazia de cigarra esquecida
no tronco das árvores só serve pra poesia.
No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas.
Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara,
envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros
e tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos. Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore porque fez amizade com muitas borboletas".
(Árvore - Manoel de Barros)
............
"Senhor, o ar cheira bem hoje,
Direto dos mistérios
De dentro dos íntimos pátios de Deus.
Uma graça feito roupas novas atiradas
Através do jardim, medicamento gratuito para todos.
As árvores em sua oração, os pássaros em oração,
A primeira violeta se ajoelha.
O que quer que tenha vindo do Ser é capturado em ser, embriagado
Esquece o caminho de volta..."
(Rumi)
2009/9/21 Adriana Borges
Regininha,
procurando um poema para dedicar às árvores, no dia de hj, achei este.
vc pode traduzi-lo para mim?
bjs em grandes e fortes galhos,
A.
Lord, the air smells good...
by Rumi
Lord, the air smells good today,
straight from the mysteries
within the inner courts of God.
A grace like new clothes thrown
across the garden, free medecine for everybody.
The trees in their prayer, the birds in praise,
the first blue violets kneeling.
Whatever came from Being is caught up in being, drunkenly
forgetting the way back.
Rumi was a 13th century Sufi mystic.
segunda-feira, setembro 21
Dia da árvore e da poesia
e fosse tempo claro ou feio,
havia uma paz de agasalho
dependurada em cada galho.
E foi vivendo. Viver gasta
músculo e flama de ginasta,
quanto mais uma arvorezinha
meio garota-de-sombrinha.
Carlos Drummond de Andrade, Viola de Bolso
(folha verde achada no blog Dias com Árvores)
sexta-feira, setembro 18
companhia
que tive medo de me render
eu chorava quando ela apareceu na porta
onde permaneceu por dias até que eu a tocasse
ela veio me salvar da lembrança
com sua companhia quente.
há 5 dias a gata desapareceu
e a ração ainda resta no pote
não me despedi
domingo, setembro 13
O que é comunicação
sábado, setembro 12
beleza
a queda das torres: 8 anos
quinta-feira, setembro 10
efeméride
terça-feira, setembro 8
artes marciais
sexta-feira, setembro 4
natureza
quarta-feira, setembro 2
de manhã no rádio do carro
Erga as mão para os céus
E agradeça
Quando me cobiçou
Sem querer acertou
Na cabeça
Eu sou sua alma gêmea
Sou sua fêmea
Seu par, sua irmã
Eu sou seu incesto
Sou igual a você
Eu nasci pra você
Eu não presto
Eu não presto
Traiçoeira e vulgar
Sou sem nome e sem lar
Sou aquela
Eu sou filha da rua
Eu sou cria da sua costela
Sou bandida
Sou solta na vida
E sob medida
Pros carinhos seus
Meu amigo
Se ajeite comigo
E dê graças a Deus
Se você crê em Deus
Encaminhe pros céus
Uma prece
E agradeça ao Senhor
Você tem o amor
Que merece
(Chico Buarque decifrando gente)
segunda-feira, agosto 31
sexta-feira, agosto 28
quarta-feira, agosto 26
terça-feira, agosto 25
gentileza
segunda-feira, agosto 24
tempo
no meio da seca de agosto.
acordei com a sinfonia dos sapos,
embalada pela lembrança de um príncipe.
sexta-feira, agosto 21
6 chicotadas e multa
Até quando?
quarta-feira, agosto 19
terça-feira, agosto 18
segunda-feira, agosto 17
domingo, agosto 16
cachaça
sábado, agosto 15
sexta-feira, agosto 14
gripe suína
eu li ensaio sobre a cegueira, de Saramago
e agora vou ouvindo de autoridades sanitárias
e de amigos (e de minha intuição):
não vá à festa.
e onde andou esse único par?
traz ele um vírus? qual?
morreremos como moscas, no bom combate?
minha vizinha Regina diz que nossa consciência nos matará
achei que era uma verdade.
quinta-feira, agosto 13
quarta-feira, agosto 12
segunda-feira, agosto 10
saci
levantei os olhos, mas não havia movimento, só o som.
esperei prescrutando o horizonte e logo ele veio.
descabelou as árvores ao longe e levantou seu passo
redondo de poeira amarela e seca.
quando me viu, parou.
mas logo rendemo-nos à curiosidade
e ele veio descendo pelo quintal chacoalhando folhas,
passou ao largo e entrou na casa do vizinho batendo portas.
saiu à rua e cresceu diante do meu portão,
espiou pra dentro e sumiu no cerrado.
domingo, agosto 9
de manhã no rádio do carro
Lá vai, lá vai labareda
Labareda te queimou
Lá vai, lá vai, labareda
Labareda te matou
Lá vai, lá vai, labareda
Te matou de tanto amor
Lá vai, lá vai, labareda
Labareda
O teu nome é mulher
Quem te quer
Quer perder o coração
Rosa ardente
Bailarina da ilusão
Mata a gente
Mata de paixão
Labareda
Fogo que parece amor
Tua dança
É a chama de uma flor
Labareda
Quem te vê assim dançar
Em teus braços
Logo quer queimar
(Afrosamba de Baden Powell -
e acabei de chegar de uma fogueira grande
sob a lua...)
o balé das palavras, ou correção
-Foi divertidíssima?
Tratei de diminuir a intensidade da palavra e,
por conseguinte, do momento:
- Não. Foi divertido.
E agora, após horas, vejo que o momento retoma seu tamanho em meu coração
e transforma a festa em instantâneo único
de troca de amor com amigos
que se acompanham há longa data.
Retifico a resposta indolente:
- Sim, foi divertidíssimo.
quinta-feira, agosto 6
êta vida besta
meu sex and drugs (and drink and drive)
não tem nenhum rock'n roll
quarta-feira, agosto 5
40 chicotadas
Irrompe para dentro de sua vida uma patrulha ideológico-religiosa islâmica que declara a todos que todas infringem leis sagradas, sociais, humanas, masculinas. Vestem calças.
Veja 10 mulheres aceitarem o açoite público de 10 chibatadas, para terminar logo aquilo.
Lubna Ahmed al-Hussein pensa que se isso ocorre ali, o que será de suas irmãs em Darfur. Recusa-se.
É uma jornalista com cargo na ONU e clama atenção, que se cubram de vergonha os algozes, que lhes apontem dedos e que os sábios falem sobre o sagrado.
"Chicotadas não significam dor, chicotadas são um insulto aos humanos, mulheres e religiões".
Da estirpe dos corajosos, a moça.
terça-feira, agosto 4
sábado, agosto 1
Eu vi o Abelardo da Hora
Lá também estão as famílias e gentes da fome e da seca do sertão e os meninos nas ruas das cidades.
E como se não bastasse, gravuras apresentam carnavais e brincadeiras de criança, enquanto ao lado, o bronze transformado em casais, capoeiras, mulatas, formas.
Tudo se revela com a paixão do artista por sua arte, essa musa que o carrega ainda agora, aos 85 anos, que completou ontem. Saltam aos olhos o amor e solidariedade de Abelardo.
Se você estiver perto, vá. Vá ver o que dá tesão e raiva em Abelardo da Hora.
sexta-feira, julho 31
clima (ou amigos que partem)
todos sentem
quando coisas e pessoas se movem
quarta-feira, julho 29
segunda-feira, julho 27
domingo, julho 26
livros
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo
Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura
Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou – o que é muito pior – por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:
Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas
(Caetano Veloso num disco, ao entardecer, que é um livro...)
sexta-feira, julho 24
se é o que queres...
quinta-feira, julho 23
quarta-feira, julho 22
terça-feira, julho 21
dia do amigo
sexta-feira, julho 17
quintana e eu
quinta-feira, julho 16
nova boemia
ele achava que estava se divertindo
e de fato estava.
nunca resisto aos fortes.
me dão tesão.
quarta-feira, julho 15
boemia
ele achava que estava se divertindo
mas parecia um garotinho agarrado a sua caneca.
nunca resisto aos perdidos.
tenho dó.
terça-feira, julho 14
avatar
é como perder o carro.
a vida real te invade
e os pixels voltam ao seu tamanho normal,
assim como as pessoas nas ruas.
o sol da manhã
me arrebatou.
sexta-feira, julho 10
o poderoso Leminski
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
segunda-feira, julho 6
de manhã no rádio do carro
Ainda não são
Tão doces e polpudos quanto as peras
Da tua ilusão
Amarra o teu arado a uma estrela
E os tempos darão
Safras e safras de sonhos
Quilos e quilos de amor
Noutros planetas risonhos
Outras espécies de dor
Se os campos cultivados neste mundo
São duros demais
E os solos assolados pela guerra
Não produzem a paz
Amarra o teu arado a uma estrela
E aí tu serás
O lavrador louco dos astros
O camponês solto nos céus
E quanto mais longe da terra
Tanto mais longe de Deus
(Gilberto Gil interpretando sinais)
domingo, julho 5
início
sábado, julho 4
notícia intergaláctica
me transmitiu hoje essa mensagem:
"o chumbo está derretendo,
Sarney vai rodar."
esse menino fala coisas tão loucas...
quarta-feira, julho 1
o que devo dizer a ela
a casa cheira bem,
mas vejo que ainda há pó naqueles 90° da janela.
sempre é coragem sair do útero da mãe, na estrada,
mas é preciso atentar o olhar.
a geladeira fez um degelo inútil,
mas espero que você tenha sentido a paisagem.
diário
não me deixem esquecer.
finalizo com uma torta mousse miss daisy,
que é um ícone.
terça-feira, junho 30
correspondência
como nuvens de gafanhotos,
o síndico escreveu-nos uma carta.
eles já viram que a água faltará,
mas é como gritar aos surdos.
pagaremos todos
enquanto alguns lavam carros e calçadas.
PS: o Nic acha que gastamos muito porque não temos infraestrutura.
precisamos nos lavar muuuito mais vezes...
segunda-feira, junho 29
adrianas
a mulher barbada?
Será que no sonho ela salta
como a trapezista?
Será que sonhando se arrisca
como o domador?
Vai ver ela só tira a máscara
como o palhaço.
O que será que tem,
o que será que hein?
O que será que tem a perder
a mulher barbada?
sábado, junho 27
quarta-feira, junho 24
segunda-feira, junho 22
lua nova
e aguava o jardim
e fumava
gostava do inverno, de arroz integral
do Osho e de transar
hoje o repeti
domingo, junho 21
solstício de inverno
sob o céu aberto
os ipês rebentam
buquês ofertados pela existência
o Vento Semeador chegou hoje ao cerrado
e deu voltas no jardim pela manhã.
sexta-feira, junho 19
quinta-feira, junho 18
terça-feira, junho 16
sentimentalidades
damos as mãos, rodamos,
nos nossos olhos reconhecemos o mundo, essa lida.
no carinho quente, atenção e cuidado,
reverberamos!
saudade de cada uma.
PS: nag champa!...rs
segunda-feira, junho 15
uma casa nas brumas
sexta-feira, junho 12
Tom Zé explica
querendo quero bem
quero te quero
querendo quero bem.
Chiclete chiclete, mastigo dor e dor
clete chiclete, mastigo dor e dor.
Te choro te choro, chuvinha chuviscou.
Choro te choro, chuvinha chuviscou.
Chamego chamego, me deixa me deixou.
Mego chamego, me deixa me deixou.
A dor a dor, a dor a dor.
.. ... ...
Mas eu te espero
porque o grito dos teus olhos
é mais longo que o braço da floresta
e aparece atrás dos montes, dos ventos e dos edifícios
e o brilho do teu riso
é mais quente que o sol do meio-dia
e mais e mais e oh oh oh oh oh
Mas eu te espero
na porta das manhãs porque
o grito dos teus olhos
é mais e mais e mais
e depois que você partiu
o mel da vida apodreceu na minha boca
apodreceu na minha boca
Oh, oh, oh, oh, oh
quinta-feira, junho 11
quarta-feira, junho 10
de manhã no rádio do carro
Assim, justinho você
Eu juro, eu não sei bem porque você
Você é mais bonita que a flor
Quem dera, a primavera da flor
Tivesse todo esse aroma de beleza
Que é o amor perfumando a natureza
Numa forma de mulher
Porque tão linda assim não existe a flor
Nem mesmo a cor, não existe
E o amor, nem mesmo o amor existe
E eu fico um pouco triste, um pouco sem saber
Se é tão lindo o amor que eu tenho por você
(João Gilberto faz 78 anos)
* canto essa música para Maria Clara desde sempre
terça-feira, junho 9
amores perros
envia notícias de sua vida pacata.
esse homem que não me conhece
pensa que sou uma emoção.
somos apenas franco-atiradores.
domingo, junho 7
sábado, junho 6
sexta-feira, junho 5
questões ambientais
terça-feira, junho 2
movimento
não sei quem falou essa frase, na cobertura das olimpíadas,
mas pensei imediatamente em um canguru.
é uma arte marcial coreana, que, felicidade!, um meu amigo conhece.
penso que poderá aquecer as noites frias do inverno.
segunda-feira, junho 1
domingo, maio 31
celebrações
nos vemos e tocamos, comprovando a existência.
é a vida que segue.
quarta-feira, maio 27
gente impressionante na noite - Sá Carneiro é ..
26.5.2009
23h30m
Poema da noite (Semana Mário de Sá-Carneiro)
Aquele Outro - Mário de Sá-Carneiro
O dúbio mascarado, o mentiroso
Afinal, que passou na vida incógnito;
O Rei-lua postiço, o falso atónito;
Bem no fundo, o cobarde rigoroso...
Em vez de Pajem, bobo presunçoso.
Sua alma de neve, asco dum vómito...
Seu ânimo, cantado como indómito,
Um lacaio invertido e pressuroso...
O sem nervos nem ânsia, o papa-açorda...
(Seu coração talvez movido a corda...)
Apesar de seus berros ao Ideal.
O corrido, o raimoso, o desleal,
O balofo arrotando Império astral,
O mago sem condão, o Esfinge gorda...
festa
acho que ela vai morrer envenenada,
mas ela nunca morre!
ela salta, como se não houvesse amanhã.
é o ponto em que a invejamos?
domingo, maio 24
cores na cidade
times uniformizados jogavam futebol no campinho da quadra.
um monomotor no céu.
é um domingo de sol depois de noites de festas,
onde nossos olhos sorridentes se reconheceram.
sexta-feira, maio 22
um dia eu vi cabras no jardim
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
(Zé Rodrix foi compor em outras bandas)
quarta-feira, maio 20
tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.
Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúdica e rica,
E eu sou um mar de sargaço —
Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além…
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.
Fernando Pessoa - Cancioneiro- 13/09/1933
terça-feira, maio 19
Darwinius massillae
Darwin intuiu a Ida.
E eu, aqui nesse tempo, testemunho a genialidade de Darwin!
Tudo está previsto nos astros.
segunda-feira, maio 18
o real
a dor e a delícia desse lugar ermo.
exercitamos o transporte solidário, a vizinhança
e aquela curiosidade de ver os amigos pela manhã.
domingo, maio 17
sábado, maio 16
quinta-feira, maio 14
gotas alcoólicas
O nodoso, a friez-armadilha
De algum rosto sóbrio, certa voz
Que se amplia, certo olhar que condena
O nosso olhar gasoso: então, bebendo?
E respondemos lassas lérias letícias
O lusco das lagartixas, o lustrino
Das quilhas, barcas, gaivotas, drenos
E afasta-se de nós o sólido de fechado cenho.
Rejubilam-se nossas coronárias. Rejubilo-me
Na noite navegada, e rio, rio, e remendo
Meu casaco rosso tecido de açucena.
Se dedutiva e líquida, a Vida é plena.
*
Te amo, Vida, líquida esteira onde me deito
Romã baba alcaçuz, teu trançado rosado
Salpicado de negro, de doçuras e iras.
Te amo, Líquida, descendo escorrida
Pela víscera, e assim esquecendo
Fomes
País
O riso solto
A dentadura etérea
Bola
Miséria.
Bebendo, Vida, invento casa, comida
E um Mais que se agiganta, um Mais
Conquistando um fulcro potente na garganta
Um látego, uma chama, um canto. Amo-me.
Embriagada. Interdita. Ama-me. Sou menos
Quando não sou líquida.
Hilda Hilst e seu desejo
quarta-feira, maio 13
terça-feira, maio 12
de manhã no rádio do carro
Ter loucura por uma mulher
E depois encontrar este amor, meu senhor
Nos braços de um outro qualquer
Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
E por ele quase morrer
E depois encontrá-lo em um braço
Que nem um pedaço do seu pode ser
(Jamelão faria 96 anos)
segunda-feira, maio 11
outra luz, um filtro vermelho
Pude ver meus amigos e me mover independente, rir, vir...
É outono na cidade e as chuvas lavaram o céu,
de modo que os motoristas contumazes deveriam ser agraciados com uns dias sem carro, para que olhem para o alto.
De brinde, a experiência de mover-se entre a cidade.
(tenho óculos de sol acastanhados.)
domingo, maio 10
sexta-feira, maio 8
soneto do gato morto
Um gato vivo é qualquer coisa linda
Nada existe com mais serenidade
Mesmo parado ele caminha ainda
As selvas sinuosas da saudade
De ter sido feroz. À sua vinda
Altas correntes de eletricidade
Rompem do ar as lâminas em cinza
Numa silenciosa tempestade.
Por isso ele está sempre a rir de cada
Um de nós, e ao morrer perde o veludo
Fica torpe, ao avesso, opaco, torto
Acaba, é o antigato; porque nada
Nada parece mais com o fim de tudo
Que um gato morto.
De: MORAES, Vinícius de. Nova antologia poética. Org. por Antonio Cicero e Eucanaã Ferraz. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2008
quinta-feira, maio 7
gripe
e debaixo do ar condicionado
peguei uma gripe, ali mesmo naquela hora.
se depender do meu sistema imunológico
morrerei de influenza.
terça-feira, maio 5
do modo como envelhecem
Hoje começa no CCBB Brasília a mostra de filmes chamada Tribos Urbanas.
Easy Rider e Peter Fonda querem falar sobre a tal liberdade.
Quero ver todos os filmes, porque essas tribos são a história do meu tempo.
Mas eis o que disse Dennis Hopper, na web:
"Talvez não haja mais contra o que se rebelar. Parece que todo mundo anda muito satisfeito consigo mesmo hoje em dia. Agora que me tornei parte do sistema, acho que gostaria de ficar nele".
Dia desses se foi Augusto Boal, que nunca capitulou.
Fez de seu teatro e de sua vida uma fala que não se calou, que gritou.
Todos sabem quando tomba um guerreiro.
segunda-feira, maio 4
o tempo não para
enquanto tiro teias dos cantos
é amargo e doce
ir se descobrindo
sábado, maio 2
eu sinto quando ele fala comigo
(tenho olhos e ouvidos para os sinais...)
Fado Tropical
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque/ Ruy Guerra
Oh, musa do meu fado
Oh, minha mãe gentil
Te deixo consternado
No primeiro abril
Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro)
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."
Com avencas na caatinga
Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical
E a linda mulata
Com rendas do alentejo
De quem numa bravata
Arrebata um beijo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto
Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa"
Guitarras e sanfonas
Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre trás-os-montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial
sexta-feira, maio 1
o trabalho de ser mulher
era uma mulher pedindo socorro.
não há como desligar-se e voltar a dormir.
hoje Delara Dalabi foi assassinada pelo governo do Irã.
tinha 23 anos e foi presa aos 17, para salvar um namorado.
a violência nos abraça a todas.
quarta-feira, abril 29
sobre notícias aterradoras
pessoas com as quais conviveu há 10 anos
apontam seus dedos em riste e perguntam:
qual a distância entre o que dizemos e o que fazemos?
viver e amar não é para qualquer um.
terça-feira, abril 28
enquanto isso...
O novo presidente da Africa do Sul, Jacob Zuma, é zulu e é polígamo.
É casado desde 1959 com um amor, ficou viúvo da segunda esposa, que se suicidou, se separou da terceira e, aos 67 anos casou-se com a quarta mulher, de 33 anos, católica (sim, a foto é de seu casamento).
A primeira, matriarca, é responsável pelos 11 ou 17 filhos de 11 amantes diferentes (as quatro mulheres entraram nessa conta?).
Isso é que é liberdade!!!! rs
"Eu prefiro ser honesto: amo todas as minhas mulheres e tenho orgulho de todos os meus filhos".
Deu no Le Monde... perguntam-se quem deverá ocupar a sala de primeira-dama ou primeira-presidenta...
É, os franceses não são mais os mesmos.
segunda-feira, abril 27
a resposta de Nietszche
Você se acha livre? Quero ouvir sua idéia dominadora, e não que você escapou da opressão...
Livre de que? Zaratustra não liga para isso!
Mas seus olhos devem claramente me dizer: livre de que?
atualização: Zaratustra está na rede, mas no livro mesmo ainda não achei essa frase.
continuarei procurando ou terei que desmascarar esse ventríloquo de Nietszche! rs
sábado, abril 25
liberdade
nem essa cama...
não voltei para casa.
estou sorvendo a vida
como se ela estivesse nessa garrafinha marrom.
e quem não é livre, que atire a primeira pedra.
sexta-feira, abril 24
Precisão (dia do livro, do copyright, do chorinho... e de São Jorge!!! rs)
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.
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Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar.
(é de Clarice Lispector, que não tem blog, entre 19.500 entradas em 0,92 seg)
quinta-feira, abril 23
dia de São Jorge
Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge
para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem,
tendo mãos não me peguem,
tendo olhos não me vejam,
e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão,
facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar,
cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina Graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino,
protegendo-me em todas as minhas dores e aflições,
e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder,
seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza e que, debaixo das patas de seu fiel ginete, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós.
Assim seja, com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
São Jorge, rogai por nós !
terça-feira, abril 21
reminiscências
dei-me conta que falta a metade que o apresentava tão divinamente.
segunda-feira, abril 20
celebrações
sexta-feira, abril 17
de manhã no rádio do carro
essa nossa vida de artista
Depois de perder Vilma pra São Paulo
perder Maria Helena pro dentista
(Ednardo faz 64 anos)
quinta-feira, abril 16
demorou
e sucumbiu à lentidão da internet (da conexão? da mão?).
eu olho...